terça-feira, 23 de março de 2010

FÓRMULA PARA UM AMOR DAR CERTO

já pensou se existisse mesmo? Vamos ser francas, o mundo seria um fastio. O que seria dos poetas, dos psiquiatras e dos empresários da noite, gente que vive de procurar soluções para impasses amorosos e de ofertar novas possibilidades de encontro? Teriam que fazer fila em busca de um emprego de gari.

Fórmula testada, aprovada e lavrada em cartório, todo mundo sabe, não há. Poucas coisas são tão imponderáveis quanto o amor. Aliás, há quem acredite que essa emoção nem ao menos seja natural, e sim fabricada. Segundo o filósofo Rochefoucauld, as pessoas nunca se enamorariam se não tivessem ouvido falar tanto de amor, ou seja, trata-se de um produto criado no século 17 por expectativas culturais adquiridas por meio da leitura de romances açucarados.

As pessoas que já se apaixonaram (e quem não?) tendem a discordar dessa teoria, pois não é possível que suar frio, ficar com o coração na mão, chorar baldes de lágrimas e quase arrancar os cabelos quando o telefone não toca sejam apenas comportamentos incutidos subliminarmente em nós. Mas é preciso reconhecer que a propaganda deste tal de amor é mesmo eficiente: desde o instante que nascemos, somos informados de que uma pessoa sozinha não pode ser feliz, de que ela precisa viver em dupla, e dá-lhe amostras disso nos filmes, livros, músicas, novelas, comerciais de TV. O recado é "ame, logo exista". É um empurrãozinho e tanto.

Manipulados ou não, o que ninguém pode negar é que estamos todos no olho do furacão, à procura de um caminho seguro que nos leve a uma relação o mais duradoura possível. Que caminhos seriam esses? Costumamos nos amparar em duas correntes de pensamento, em duas estratégias para ter um romance bem-sucedido. São elas:

A) os dois serem absolutamente diferentes: um gostar de dormir cedo e o outro de viver na balada, um gostar de verão e o outro se realizar no frio, um ser órfão de Che Guevara e o outro ir com a cara do Schwarzenegger. Nada como um bom conflito para manter a casa (e a cama) em efervescência.

B) os dois serem absolutamente iguais: gostarem dos mesmos filmes, acordarem na mesma hora, com o mesmo humor, decidirem pelos mesmos pratos no restaurante, terem a mesma opinião sobre tudo e o mesmo gosto para se vestir. Nada como estar na mesma voltagem para manter a casa (e a cama) na santa paz.

A primeira alternativa defende a idéia, já bastante difundida, de que os opostos se atraem. Eu não acho desgastante o casal ser antagônico, principalmente se a diferença se restringe ao temperamento. Um é calmo como um Buda, o outro vive com os dedos enfiados na tomada. Pode funcionar perfeitamente, mas é fundamental que tenham afinidades de caráter. Porque, se um for honestíssimo e o outro vigarista, como é que vão se entender na hora de criar os filhos?

2 comentários:

  1. Belo post, Joélia: raciocinio lógico, texto enxuto e convincente! E, respondendo à sua pergunta: disponha de todos os textos, será uma honra. O oásis é nosso! :) Boa semana.

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  2. Boa semana, amiga. Aguardo o novo post. :)

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